Tuesday, September 26, 2006

[Des]Igualdade

Não somos iguais, tampouco imparciais,
Não chegamos a ser netos, não temos pais
Desertámos de mãos dolorosas, vidas assombrosas
Somos a escória que resta da vossa vida
Algures no tempo [perdida]
Mas não somos história vencida.

Onde vivemos, onde nos sabemos, as ruas não têm nome,
Becos escuros (obscuros), talhados de insegurança
As incertezas, e impurezas não nos tiram a esperança
Nem conseguem moldar-se e a matar-nos a fome

Não vergamos a impostos conformismos
Nem vivemos de coagidos narcisismos
Quebrámos as algemas da insanidade
Costruímos nós a nossa verdade.

[E tu, es capaz de tal proeza?]

Sim, tu, Sr. Correcto, que tens tão bom aspecto,
Olha-me nos olhos e diz que está tudo bem,
Sai do teu ciclo vicioso, asqueroso
Lava-me essa cara de merdoso,
Lamenta a tua vida, vive o teu desdém.

[Senta-te em frente da lareira acesa]

As amarras que te prendem, foste tu que as criaste,
E vives neste mundo imundo, não te libertaste,
Vives de egoísmo, cinismo, pouca falta de civismo
Oh, Sr. Correcto, de bom aspecto,
Não me faças chorar lágrimas que não sou,
Nem me dês o teu mundo, que eu não vou.

Tens uma nódoa, na gravata que usaste para me criticar
Tens uma mossa, no ferrari que compraste para te desigualar
Tens o vidro da tua casa de praia partido, é fodido...
Tens areia, nos sapatos de pele com que me pisaste,
Tens sorrisos na tua boca, com que me humilhaste,
Tens o teu mundo imundo, que tu próprio criaste.

Oh, Sr. Correcto, de bom aspecto, toma coragem para não dormir.

Wednesday, September 20, 2006

gRITOS DE rEVOLTA

Há vazios que imperam inconstantes
Raivas que mutilam a sede e a seca progride
Há gritos que surdamente infiltram ecos de silêncio
A noite mora neste mar, emerge de tudo
Nada se apaga, tudo muda

O resto do mundo é escuridão
Ausência de não querer saber
Onde estão aquelas mãos que seguram o berço?
Onde estão aquelas mãos?
O quotidiano mundano que me enoja...

As águas turvam os olhares que não se cruzam
E os que se cruzam, rapidamente se apagam
Ninguém se conhece, na multidão
Ninguém quer saber da terra do nunca
As mentes enlouquecem no frio do verão

Viste os passos que se cometeram?
Estavas onde tu? Esta merda também é tua!!!
Tu também pertences ao céu, luta pelo teu espaço
Onde estavas tu? É tempo de saberes o teu lugar
Acorda, são horas de abrir os olhos...

E no entanto, a chuva cai, lentamente
Inunda as ruas, morrem todos....todos vão morrer
Acabam podres na sua própria escravidão
Vida vazia, há ecos que não se preenchem
Ninguém sabe o próprio caminho de volta...

Olhares que se cruzam em becos mortais
Nada se vê emergindo da terra, tá tudo seco
Tudo se toma em mão alheia, tudo arde
Anda o mundo fodido com o mundo, ah ah ah
E tudo continua parado nesta agonia....

Deixem-nos viver antes de cair na tumba
Morram vocês mesmo antes de viverem
Eu não quero isso, caralho, renego-o
Deixem-nos ter o nosso sol da meia-noite
Eu até gosto que me fodam, mas não desta maneira...

Vou-me calar e acender mais um cigarro...
Já perdi tempo demais na minha rua
Vou pegar no braço do meu gajo
E vamos foder-nos até doer.....
Porque nós sim...

Nós conseguimos ser felizes...com amor!!!